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MARIA ALICE BARROSO: 

UM NOME PARA LEMBRAR

Por Drª Ana Lúcia Lima da Costa Schmidt
Pós-doutora em Cognição e Linguagem, Doutora em Ciência da 
Literatura e Mestre em Teoria da Literatura, Lic. em Letras e História

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OS VÁRIOS FIOS DISCURSIVOS DE “UM NOME PARA MATAR”

             Na coluna anterior estávamos falando sobre o ciúme no romance de Maria Alice Barroso intitulado “Um nome para matar”. Falamos sobre a apropriação do tema (ciúme) da obra teatral de Shakespeare “Otelo, o mouro de Veneza”.

            A genialidade da autora miracemense se dá no fato de que, na apropriação do tema do ciúme transportando-o do gênero dramático para o narrativo, muitas diferenças se impõem. Magistralmente, e é o que justifica a premiação da obra, Maria Alice conta a história de ciúme a partir de seis fios discursivos. Isso mesmo: seis fios discursivos!!!!

            Geralmente, uma história é contada por uma personagem (1ª pessoa) ou tem o seu narrador do lado de fora da história (3ª pessoa). Em “Um nome para matar”, a narração acontece a partir da narrativa de seis pessoas, que vão contando a história de amor e ciúme do Capitão Oceano de Moura Alves e sua Maria Corina, o que vai desencadear a morte dela.

            Na tragédia do autor inglês, Shakespeare, não temos nenhuma dúvida de que Otelo, tomado pelo ciúme, acaba com a vida de sua amada esposa Desdêmona, que não tinha feito absolutamente nada que desabonasse a sua conduta. Essa certeza nos é dada porque a história é uma peça teatral, passada diante de nossos olhos. Não existe dúvidas neste tipo de texto literário.

            No romance de Maria Alice, a certeza de um texto é transformada em dúvida porque temos seis pessoas contando a história e cada uma delas, inclusive a própria autora, conta de um ponto de vista, que ora defende uma inocente Maria Corina, ora a acusa de ser muito “avançada” para o seu tempo, o que pode ter dado asas ao ciúme do marido. Vale, e muito, a leitura! Recomendo!

Professora Terezinha Tostes  Lopes
Diretora/Mantenedora 
Colégio SEC - Sistema de Ensino Contemporâneo

 

    Escolhi essa frase casual de Nélida Piñon em uma entrevista ao Roda Viva de 1998 para abrir meu texto. Nélida nos deixou no último dia 17 e, talvez por isso, fui despertada a rever alguns momentos dela. Na entrevista, de repente, Nélida sai com uma frase que me ajudou a entender um fenômeno para o qual sempre procurei explicação.
Meu irmão e eu ao conversarmos por várias vezes já nos perguntamos
por que, quando criança, julgávamos tanta gente velha que hoje
entendemos não ser tão velhas assim. Quando descobrimos que aquele
tal velhinho que desaparecera com a morte era alguém com pouco mais
de cinquenta anos nos assustamos e sempre acabamos nos perguntando:
por que o considerávamos tão velho?
Nunca entendemos bem isso mas seguíamos. Numa tardezinha, após
saber da morte de uma mulher poderosa como Nélida Piñon veio a
resposta.
É nessa hora que precisamos render graças à intelectualidade. Nélida,
ali, 24 anos atrás, em um programa fazendo jus ao inédito título de
presidenta da Academia Brasileira de Letras, quebrando mitos e tabus,
de repente, me cria um deslumbramento ao falar entre tantos temas que
enfocavam os muitos enigmas dessa Academia , uma frase curtinha,
“criança deixa todo mundo velho”. Encontrei ali sem querer a explicação
para aquela grande dúvida que o tempo nunca soube me tirar. Está aí a
herança intelectual que Nélida me deixou entre Guia-mapa de Gabriel
Arcanjo lançado exatamente no ano em que nasci, entre Livro das Horas,
Doces Canções de Caetana.
Com seu testamento ela me deixou também algumas observações, uma
é em relação às suas herdeiras, Susy, uma pinscher de 13 anos e Pilara
uma chihuahua de 3 anos.
Imortal, como sabemos, podemos adiantar que a herança de Nélida é
coisa de atravessar gerações, direitos autorais não acabam e para aqueles
que gostam de concreto posso adiantar que as cadelinhas também são
herdeiras de quatro apartamentos de luxo em um mesmo prédio na Lagoa
Rodrigo de Freitas. Se você está aí julgando Nélida uma inconsequente,
volto a te decepcionar, na linha de herdeiros após Susy e Pilara (as
cachorrinhas) está a acompanhante de Nélida, a desconhecida Karla
Vasconcelos que a acompanhou pelos seus últimos anos dos 84 bem
escritos.
O que me impressiona não é o fato de cadelinhas virarem herdeiras,
o que mais me deixa sensibilizada é a astúcia desse gênio de mulher que
conseguiu superar Machado de Assis ao inverter a ordem “civilizatória”
e às vezes “vexatória” das coisas. Para quem não sabe Machado fez de
Rubião herdeiro universal do cachorro Quincas Borba, enquanto Nélida
fez Susy e Pilara herdeiras universais diretas de seu patrimônio.
Sem dúvida que Nélida é uma mulher generosa, grata e privilegiada,
principalmente por não ter herdeiros sanguíneos. Fico pensando em
quantas pessoas tiveram roubado o seu direito de honrar um animalzinho
ou um empregado fiel por conta de meia dúzia de parentes podres.
Sem dúvida, Nélida corou sua imortalidade de maneira heroica,
inteligente e corajosa.
“Que a terra lhe seja leve”, para sempre A IMORTAL!

Publicada originalmente em maio de 2014 – e a neblina continua espessa

Dentro de mim

Ricarda Maria

                   Uma Árvore Diferente.


Este ano, não armarei a árvore de Natal.
Ela guarda em seus galhos tantas saudades,
que resolvi não provocar mais sofrimentos 
em minha alma tão carregada de tristezas.
Preferi armá-la bem dentro do meu coração.
Assim, eu posso escolher quais os sentimentos,
que ornarão cada galho que está representando
os momentos bons, alegres, de plena felicidade.
A estrela, brilhante, tem um significado bem
maior, que é  a luz que sempre vem de Jesus
para nos abençoar, fortificar nossa fé, e, também,
aceitar infinitas realidades que, de repente, surgem.
Os galhos que são menores simbolizam humildade
para receber, sem revolta, o que nos é reservado.
Nos médios que são sempre em maior quantidade,
residem as lembranças carregadas de coragem.
Cada adorno lembra um fato, um acontecimento
guardado no espaço estremecido pelas partidas.
Esse é o enfeite que fica, agora,adornando a sala.
Não há mais lugar, cada canto está pleno de saudade.
São tantas que passaram a fazer parte da minha árvore!

 

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